CONSERVADORISMO E LIBERDADE
A liberdade do indivíduo é um direito natural, isso é um fato incontestável. Se você conhece alguém que defende algum tipo de política que adere a causa do indivíduo como objeto do poder estatal, aconselho-te a desvincular-se dessa pessoa, ou então tentar convencê-lo, ou melhor, mostrá-lo a realidade, pois ela está bem debaixo de nossos olhos. A história humana não foi marcada por lutas de classes, ela foi marcada por uma luta de poder de classes, onde o interesse real eram as propriedades e tecnologia das outras classes culturais. O poder de domínio sobre certa classe cultural não se estabelecia por indiferenças sociais, mas como um resultante de jogos de interesses políticos, onde o inimigo, ao cair, permanecia sob o poder do vencedor, servindo-o totalmente.
A liberdade do indivíduo não surgiu através das leis promovidas pelo campo jurídico. O campo jurídico é somente responsável por manter esses direitos naturais do ser, do respeito ao corpo do outro, dos pensamentos e das ações, e punir aquele que eventualmente vai ferir tanto ao próprio corpo quanto ao seu semelhante. Pois, matar alguém por causa de um pedaço de terra não seria um tipo de liberdade? Numa eventual liberdade do indivíduo, de viés econômico como é pregado por alguns liberais ou até libertários, que são contra os conservadores, ela está limitada pelo próprio conservadorismo e isso eu explicarei mais adiante.
Acredito nas boas intenções de alguns liberais, tal como Scruton também acreditava nas intenções de Margaret Thatcher em promover o consumidor soberano, apesar de ele discordar dela em alguns pontos. Não acho que os liberais anticonservadores sejam burros, mas sim desonestos e limitados intelectualmente. É fácil para um conservador analisar e perceber o quão importante é uma liberdade de mercado, mas é difícil de um libertário perceber o quão importante o conservadorismo é para uma sociedade de livre mercado. Essa dificuldade está limitada à praxe do próprio indivíduo. Essa limitação se dá: ou as bibliografias e a falta de conhecimento sobre as tradições, ou a própria ignorância em querer mudar o mundo conforme um surubão generalizado, aos interesses únicos, sem se importar com os meios, mas somente com os resultados.
Portanto, e se, numa eventual liberdade econômica liberal, os liberais se derem de cara com as tradições, leis e ordens? É viável que eles pensariam: “Que tipo de opressão é esta? Precisamos urgentemente lutar por mais liberdade” --- e é daí que nasce mais um socialista revolucionário sem ao menos saber o que isso significa. Entretanto, Iriam os liberais se juntar ao Marxismo Cultural ou eles criariam a sua própria revolução? Será que estou errado e não estou lendo muitos autores liberais? Estou falando besteira? Não falei besteira, os autores não podem carregar a culpa porque não estão mais vivos para se defenderem, mas tentarei deixar mais claro o meu pensamento: Os liberais, libertários etc..., em sua grande maioria, são contra os conservadores, pois eles se declaram a favor da liberdade individual. Eles acreditam que o conservadorismo é limitado por ordens e se há ordens, há opressão, e se há opressão, há Estado, e se há Estado, não há liberdade. No entanto, hipoteticamente falando, ao se deparar com a liberdade tão sonhada, eles dão de cara com as tradições, e essas tradições são criações culturais, uma própria consequência da liberdade individual que o indivíduo tinha, e as outras tradições, como muitas que há, as mesmas nasceram das lutas contra as opressões que viviam, eles buscavam a própria liberdade individual, então foi daí que nasceram os campos jurídicos de ordens sociais.
No entanto, os campos jurídicos de ordens sociais são resultantes de uma liberdade individual? Claro que sim. Esta posição, por mais arbitrária que tenha sido no passado, evitou muito derramamento de sangue. O campo político era somente limitado a resolver questões que bagunçavam a ordem, mas não no que se dizia respeito às questões culturais e ao indivíduo. Essa iniciativa política e jurídica apenas era direcionada ao campo da afronta da liberdade do indivíduo.
Contudo, o que os liberais não conseguem entender? Os liberais não entendem que toda ordem emana de um princípio, e este princípio não é de ordem política, mas sim de ordem empírica e metafísica, caso contrário, seria ideologia, e ideologia é socialismo, fascismo e nazismo. A ordem empírica são conhecimentos construídos individualmente e coletivamente aos longos dos milénios que, por séculos e séculos foram, sob observações, consertos, erros, testes, lutas e paz, a razão pela qual o ocidente fora construído, através da razão, da ordem natural do conhecimento descoberto, mas não de ordem ideológica de interesses de grupos políticos, mas sim da ordem social empírica.
O conservador luta pela liberdade que cada um deve ter para crer em Deus, em deuses, ser ateu, satanista, whatever, seja o que for, mas que nenhuma absolutamente nenhuma dessas ações utilize instituições subsidiadas do Estado, nenhuma universidade, nenhum órgão público sequer para militar a favor de uma e conta a outra. Não pode existir Estado Cristão, Ateu, Budista ou Satanista, o que deve existir é uma sociedade que tem sua cultura, mas que respeite também as minorias. O Estado tem que ser mínimo e agir somente no necessário: Promover educação, segurança, infraestrutura e saúde, mas permitir também que o indivíduo consiga fazê-los por iniciativa própria. Então o conservador crer que o Estado de direito foi uma conquista social ao longos dos séculos, e que a ordem deve se manter em harmonia com o dever de liberdade do indivíduo, e a lei é para todos, especialmente para que o respeito as tradições sejam respeitadas por cada um em sua realidade distinta, com respeito mútuo as diferenças culturais e sociais, pois somos semelhante aos olhos de Deus e fazemos parte de uma só raça, a humana.